quarta-feira, 22 de julho de 2009

ADAPTAÇÃO DA OBRA DE SHAKESPEARE MARAVILHOU O PÚBLICO DE SÃO PEDRO

Maravilhados. Essa era a expressão da platéia que se levantou do Cine-Teatro São Pedro ao término do clássico de William Shakespeare “Sonho de Uma Noite de Verão”, trazida para a Mostra de Teatro de São Pedro e Águas Em Cena, pelo Grupo Núcleo N3.

A peça

A peça iniciou na parte externa do Cine-Teatro, ainda no saguão do shopping, onde uma das atrizes, vestida como operária, convocava os demais operários para fazerem uma peça de teatro para o Duque e a Duquesa que iriam se casar dias depois. Cercados de sucatas, os operários, que na verdade são recicladores de lixo, vão começar os ensaios, e decidem fazer isso na Floresta Encantada perto do Palácio. A floresta foi devastada e transformada num imenso desmanche. Uma das poucas formas vivas no local é uma flor, que possui poderes mágicos.

Enquanto isso, na mesma floresta, dois casais de namorados estão discutindo suas relações: Helena e Demétrio, Hérmia e Lisandro. Moram também no local os poderosos Oberon e Titânia, que tomam conta da floresta. Ao se desentenderem, Oberon manda que Puck se vingue de Titânia pingando em seus olhos o líquido da flor mágica, além de pingar também nos olhos de um dos integrantes dos casais em crise. O líquido faz com que a pessoa se apaixone pela primeira pessoa que ver pela frente.
Espetáculo foi um dos mais aplaudidos de toda a Mostra
Puck faz uma confusão e acaba pingando o líquido nos olhos da pessoa errada, causando uma bagunça ainda maior entre os casais da floresta. Após idas e vindas, tudo se resolve, e os recicladores de sucata conseguem fazer o seu teatro de bonecos, com o auxílio da Fada e de Puck.
A adaptação

O que mais encantou a platéia, tanto os leigos quanto os que trabalham com teatro, foi a criatividade da produção. Uma estrutura de ferro sustentava todos os cenários, feitos de sucatas, pneus, pedaços de carros. Ela também permitia que Puck, o elfo, se pendurasse através de cabos, e ficasse de ponta-cabeça e em várias outras posições.



Detalhes, como os figurinos, fizeram a diferença na apresentação

Os figurinos, alguns convencionais, mas cheios de máscaras e brilhos, outros feitos com pedaços de roupas, esbanjaram criatividade. Alguns eram desproporcionais e bizarros, como as entidades que eles representavam. Outros feitos de sucatas.

Os adereços, também de sucatas, misturavam elementos antigos com modernos. Os lampiões eram de leds, em contra-ponto com a época da peça.

O texto, fiel ao original de Shakespeare, era trazido para uma contemporaneidade que agradou a adultos e aos muitos jovens que estavam na platéia. Aliados a esse preciosismo plástico. O resultado foi 5 minutos de aplausos eufóricos no final da peça, uma das melhores da Mostra.

Núcleo N3

Encenada pelo Núcleo N3, que possui este nome por ser formado por 3 companhias de teatro: o Teatro de La Plaza, Teatro Por Um Triz e Cia. Patética, todas elas com vasta experiência em teatro infantil e de bonecos. A peça foi criada a partir da pesquisa das linguagens da Commedia Dell’ Arte e do Teatro de Animação. A montagem é voltada para toda a família e tem direção de Héctor López Girondo.

Trata-se de uma ousada encenação com 10 artistas sobre o palco e uma enorme estrutura cenográfica, com mais de 30 figurinos, máscaras e bonecos de distintas técnicas. A montagem foi viabilizada graças ao Prêmio de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo que o N3 ganhou no ano passado.
Texto e fotos: Stevan Lekitsch, Eduardo Castelar e Leonardo Moniz

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